Tumores Pancreáticos
O pâncreas é uma glândula do sistema digestivo responsável pela produção de enzimas e hormônios como a insulina, por exemplo. O tumor de pâncreas é mais frequente em pessoas acima dos 50 anos, principalmente em homens com mais de 65 anos. Este tipo de tumor geralmente possui desenvolvimento silencioso e, por este motivo, seu diagnóstico tende a ser realizado nas fases mais avançadas da doença.
O tratamento para o câncer de pâncreas é dividido basicamente em dois tipos: a cirurgia potencialmente curativa, quando há possibilidade de remoção total do tumor, e a cirurgia paliativa, utilizada com a finalidade de aliviar os sintomas do paciente e prevenir possíveis complicações.
Entre as de finalidade curativa, a Cirurgia de Whipple é a mais comum para remover o tumor. Neste caso, além da cabeça do pâncreas, também se remove parte do estômago e intestino delgado, gânglios linfáticos e a vesícula biliar. A pancreatectomia distal também é realizada para tratamento curativo, sendo indicada principalmente em tumores neuroendócrinos.
Já a cirurgia paliativa tem como finalidade o conforto do paciente, bem como evitar a progressão rápida da doença e reduzir os riscos de complicação. Entre as principais abordagens deste tipo de cirurgia destaca-se a colocação de stent e cirurgia de ponte ou bypass, que visam principalmente evitar a obstrução do canal biliar.
Dr. Sergio Bertolace salienta que a conduta terapêutica depende sempre de cada caso especificamente, considerando a localização, o tipo e a extensão do tumor. Independentemente da finalidade curativa ou paliativa, o objetivo cirúrgico é sempre proporcionar maior segurança e qualidade de vida ao paciente.
Adenocarcinoma
O adenocarcinoma de pâncreas é o tipo mais prevalente deste tumor, correspondendo a quase 95% dos casos. Acomete principalmente os ductos pancreáticos e normalmente está localizado na cabeça do pâncreas, parte próxima ao duodeno.
Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento deste tipo de tumor destaca-se o tabagismo, que oferece um risco três vezes maior de causar esta patologia. Além disso, outros fatores como pancreatite crônica, diabetes mellitus tipo II e excesso de peso estão associados ao desenvolvimento de cistos pancreáticos.
De acordo com o Dr. Sergio Bertolace, a cirurgia é normalmente a terapia mais indicada, principalmente nas fases iniciais da doença, apresentando, neste estágio, um bom potencial curativo. Por ter um desenvolvimento silencioso e praticamente assintomático nas fases iniciais, é muito comum que os adenocarcinomas só sejam diagnosticados em estágios mais avançados. Nestes casos, a cirurgia é indicada principalmente de forma paliativa, a fim de aliviar os sintomas e reduzir os riscos de complicação da doença.
Tumores Neuroendócrinos
Os tumores neuroendócrinos de pâncreas são considerados raros e geralmente apresentam crescimento lento. Os tumores pancreáticos funcionantes, como os insulinomas, são caracterizados por produzirem grande quantidade de insulina e apresentar diversas manifestações clínicas. Já os tumores não-funcionantes secretam determinados hormônios e peptídeos, no entanto, não produzem sintomatologia clínica, dificultando o diagnóstico precoce.
Dr. Sergio Bertolace explica que o tratamento para os tumores de pâncreas neuroendócrinos depende principalmente se eles podem ou não ser inteiramente removidos, além de levar em consideração também o quadro clínico do paciente. Nos casos de tumores ressecáveis, a indicação cirúrgica pode variar de uma pequena enucleação até mesmo a uma cirurgia de Whipple, mais invasiva e utilizada em casos mais complexos. A pancreatectomia distal também é bastante utilizada para remoção de tumores neuroendócrinos, retirando normalmente apenas a cauda do pâncreas e o baço.
Por ter progressão lenta e apresentar sintomas em alguns casos, os tumores neuroendócrinos são mais frequentemente identificados em fases iniciais do que os tumores exócrinos, apresentando melhores opções de tratamento e maiores chances de cura.
Neoplasias Císticas
As neoplasias císticas de pâncreas são lesões que podem ter características malignas ou benignas. Os tumores malignos são bastante raros, representando apenas 1% de todos os tumores que acometem o pâncreas. Na maioria dos casos, os cistos são benignos e caracterizados por um acúmulo de líquidos em uma região que sofreu processo inflamatório.
Além dos tumores propriamente malignos, existem também as neoplasias benignas com grande potencial de transformação, sendo as mais comuns as cistoadenomas mucinosas e os tumores intraductais mucinosos papilares.
Como a maioria dos tumores pancreáticos, as neoplasias císticas também apresentam manifestação clínica silenciosa, normalmente sem a presença de qualquer sintoma. Por esse motivo, em geral as neoplasias malignas são descobertas já em fases mais avançadas. Nesses casos, pode ser realizada a cirurgia paliativa a fim de controlar os sintomas, evitar complicações e proporcionar melhor qualidade de vida ao paciente. Nos casos em que a cirurgia curativa apresenta boas opções, o tumor é removido por completo juntamente com parte do pâncreas e linfonodos associados.
Dr. Sergio Bertolace ressalta que a terapia cirúrgica depende sempre das características de cada paciente bem como das particularidades das lesões. Por vezes são necessárias cirurgias mais invasivas, com maior retirada de tecidos e órgãos, por outro lado, algumas lesões são resolvidas com procedimentos endoscópicos e minimamente invasivos. A melhor conduta depende sempre da complexidade de cada caso.